Uma das experiências que sempre recomendamos aos viajantes brasileiros pelo Chile é visitar vinícolas. Além de aprender sobre o processo de produção, é uma oportunidade de conhecer a história do vinhedo, suas tradições e todo o conceito que sustenta cada marca. Afinal, a chegada das primeiras vinhas ao Chile remonta à época inicial da sua colonização.
Porém, existe uma história em especial pra lá de curiosa… É a da uva Carménère, uma cepa cultivada principalmente nos Vales de Colchagua e Cachapoal, na região central do país. Mas, para saber essa curiosidade, temos que ir um pouco mais longe, no tempo e no espaço, especificamente para Bordeaux, na França do século XIX.
A praga da filoxera no século XIX
Foi na década de 1850 que um evento dramático ocorreu nesse país: a grande praga da filoxera, destruindo grande parte das videiras na região e causando enorme prejuízo. Entre a descoberta da causa e a efetiva solução do problema foram necessários vários anos de testes, mas fato é que a uva Carménère não resistiu aos experimentos e foi dada como uma espécie praticamente extinta.
Como a uva Carménère ressurgiu no Chile?
Voltamos então ao Chile, especificamente ao ano de 1994, quando alguns supervisores agrícolas da Vinícola Carmen notaram que havia algumas folhas diferentes entre as videiras de Merlot. A diferença foi acentuando e o mistério foi desvendado pelo ampelógrafo francês Jean Michel Boursiquot: análises laboratoriais confirmaram que se tratavam de uma autêntica videira de Carménère e não de uma variedade de Merlot.
O que explica esta história é que, uma década antes da filoxera, enólogos europeus migraram para o Chile e trouxeram mudas da espécie. Porém, seu cultivo acabou se misturando ao Merlot e se desenvolvendo graças ao clima seco da região. E quase duzentos anos depois, a uva Carménère pode ser finalmente estudada para o melhor aproveitamento da produção deste vinho que hoje é reconhecidamente uma cepa que escolheu o Chile.
O vinho Carménère
O vinho Carménère é um tinto de cor carmim e sabor de frutas negras maduras, como amora e ameixa, com taninos suaves que denotam a baixa acidez e também sugerem algo de herbáceo neste conjunto.
Enfim, como degustar um vinho é uma experiência de sentidos, pessoal e intransferível, esperamos que você possa provar um Carménère aqui no Chile. E desfrutar de seu sabor e de sua história.